O autêntico humor nordestino

Lucas Monteiro Barbosa – seminaristalucas18@gmail.com
Em qualquer pesquisa que se faça, não obrigatoriamente de forma minuciosa, sobre as principais características culturais do Nordeste, perceber-se-á um paradoxo gritante na cultura do povo sertanejo. Lampião, por exemplo, personifica esse paradoxo; um assassino famigerado e, simultaneamente, um católico fervoroso. O humor também é um dos pontos mais basilares na cultura nordestina. Ao mesmo tempo, expressando aquele paradoxo, na região se encontra, com muita facilidade, os personagens ranzinzas costumeiramente chamamos de ignorantes. Mas é justamente essa “ignorância” que dá o sabor todo especial do humor nordestino. “Seu Lunga” que o diga. Uma das figuras mais icônicas do Nordeste, o juazeirense “seu Lunga”, embora já falecido, ainda hoje é tema de diversos cordéis, cantorias e piadas. Mas ele apenas expressa o cômico cotidiano do Nordeste que ensejou os maiores humoristas do Brasil.
Os estados nordestinos, além de tantas outras características culturais, também partilham, embora em sutis diferenças de sotaque, dos mesmos subsídios artísticos para fazer humor. Com personagens caricatos e suas histórias, o humorista nordestino tira de seu cotidiano os elementos mais comuns que nos divertem há tantos anos. Seja encarnando vários personagens, como o fez o mestre Chico Anysio, ou se vestindo sempre do mesmo personagem, tais como Tiririca, Zé Lezin, Mução, Tonho dos couros, Falcão e tantos outros, ou mesmo sendo o próprio humorista, como João Claudio Moreno, os mestres do humor se apresentam em piadas, stand-up ou encenações teatrais em programas, sempre expressando o humor característico do Nordeste.
Atualmente, do Nordeste, infelizmente nem sempre representando o Nordeste, há uma nova geração de humoristas muito divulgados, sobretudo pelas redes sociais, que no stand-up, categoria da moda, – embora, já desde os anos de 1960, feita por Chico Anysio e deixando as demais categorias um tanto obsoletas atualmente – abordam temas que, muitas vezes, fogem da realidade nordestina, que sempre fora fonte de riso. Também não se encontram, como outrora, em TV aberta, programas humorísticos como fora os Trapalhões ou o Show do Tom, o que aumenta a necessidade da divulgação do humor pelas redes sociais e YouTebe que, por sua vez, nos hodiernos ditames sociais, não dá tanta visibilidade ao humor como era feito até o inicio da década passada. Mas o humor nordestino clássico, por assim dizer, ainda parece resistir. João Claudio Moreno, do Piauí, com suas imitações e histórias de situações tão comuns, arranca gostosas gargalhadas de seu público. Ademais, a adaptação do Auto da Compadecida para filme é um das obras mais aclamadas, tanto no Nordeste quando no restante do Brasil. Isso expressa, inegavelmente, que aquela realidade, talvez arcaica, do sertão nordestino, com suas caras e bocas, com seus personagens e situações atípicas para outras regiões do Brasil e com todas as agruras do Nordeste, ainda é um ambiente fecundo para o surgimento de tantos mestres do humor que estão eternizados na arte brasileira. Não à toa, muitos renderam astronômicas audiências para as principais emissoras de TV do Brasil. Como esquecer Chico Anysio, Renato Aragão, Tom Cavalcante, Rossicléa, Adamastor Pitaco e tantos outros que, retratando o próprio nordestino, faz-nos a vida um pouco mais alegre?
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