UM ARTISTA PLÁSTICO: NA ACADEMIA MASSAPEENSE DE LETRAS E ARTES

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Eudes Sousa presidente da Academia Massapeense de Letras e Artes2

O grande historiador Alois Riegl representante da instauração de uma filosofia transcendental da arte, criou uma nova visão idealista da essência da arte. Riegl opõe-se às terorias materialistas, que faziam derivar, geneticamente, todas as formas artísticas das propriedades do material e da técnica empregados em sua elaboração. Cunhou o conceito da vontade artística., com o qual põe em relevo a soberania do espírito diante das condições materiais da criação artística. Riegl acreditava numa beleza autôtoma dos valores artísticos. Os artistas não fazem aquilo que sabem fazer, mas o que querem fazer. A esse querer chamamou de vontade artística.
Posteriormente, num setor especial da investigação artística, a exploração sociológica ganha relevo inesperado. A grande contribuição, nesse terreno, é do principal estudioso do folclore e de arte de povos nativos, Michael Haberlandt, mercê da qual se checou a um nítido enfoque do problema da arte popular, a arte comunitária, que não pode-se ser explicada em confronto com arte erudita, mas somente a partir de sua própria estrutura. É o caso, de Arte Naif, também denominada de Arte Primitiva Moderna, que pode ser interpretada como um tipo de arte simples, desenvolvida por artistas sem preparo e conhecimento das técnicas acadêmicas. Eis um motivo que a justifica, como testamento do espiríto artístico popular, o ícone da Arte Naif é Henri Rousseau, pintor especialista em cores, considerado por muitos como precursor da corrente e principal artista.
Pouco tempo depois o estilo já havia se espalhado pelo mundo, principalmente nos Estados Unidos. Mas tarde, a Arte Naif influenciaria algumas importantes correntes da vanguarda e o modo como o público consumia a arte no geral.
Atualmente, as obras da Arte Naif são bastante valorizadas e disputadas no mundo da arte. Muitas delas estão expostas em importantes galerias espalhadas pelo mundo. No Brasil, o “Panel de Santa Bárbara” da Djanira da Mota, e obras de Heitor dos Prazeres, Mestre Vitalino e de tantos outros.
Nessa mesma linha dessa arte, sem compromisso com os valores estéticos da tradição erudita. Temos a figura do grande artista plástico massapeense João Batista Soares. sem formação acadêmica, autodidata, que segue seu próprio estilo de representação artítica, suas pinturas é esmiuçadas nos mínimos detalhes de sua contextura, histórica, religiosa, mística, idelização da cidade, como a antiga Casa do Dr. Miguel Enéias, pintada, com cores vibrantes, além de elementos da realidades do mundo imaginário.
Nele há uma emigração de criações artísticas: se aventura também em outra estética, o da natureza morta, também explorada por grandes artistas do impressionismo e pós-impressionismo, como Renoir, Van Gogh, Poul Cézanne, Monet. No Brasil, por Di Cavalcante. Nesta corrente doutrinária, o massapeense João Batista, explora paisagem morta e da natureza, imprime o seu selo em elementos do cotidiano, de forma sublime e, assim, retrata com a alegria de vida cotidiana.
Na descrição da natureza artística, João Batista Soares é um grande artista plástico. Vem de uma família de origem humilde e simples, a sua posição social, para do artista que ele é, talvez se esconde forte dose de preconceito de não reconhecer as obras desse artista, por falta de espírito de uma crítica justa. Mas sem dúvida, a sua pintura é uma arma contra esse preconceito, a manifesção do seu estilo de pintar, cada pedacinho da telha, pedregulho do chão da cidade, floco de neve ou pistilo de uma flor é transpostado para a sua tela.
A sua pintura dá gosto de ver. Ou será que só é bonitinha, talvez se possa dizer: que a arte “naif” é um rótulo, com certeza pejorativo: um campo pintado com o cuidado de quem faz, só pode parecer de fato ingêmuo ou inculto, depois de revoluções que a arte conheceu durante o Século XX e começo do Século XXI. Como Pablo Picasso se encantou com a exposição de Rosseau, que depois influênciou o surrealismo de Salvador Dalí. Trata-se de um gênero já plenamente incluído no mercado da arte, e nada crer que os pintores “naif” sejam desiformados com relação à arte moderna.
O que dói é o descaso oficial da cidade de Massapê para com a figura de João Batista, que pode se projetar além das fronteiras, como um artista plástico apostolar de uma arte feita de cor viva para o espirito daqueles que ainda têm, a sensibilidade de ver uma arte da contemporaneidade brasileira? Do artista plástico de ruas, prédios, praças, procissão religiosa, campos e do folclore cearense, sempre em busca de uma sensibilidade humana?
Tudo isto, significa dizer que a Academia Massapeense de Letras e Artes enriquezeu com a sua entrada, como o primeiro artísta plástico a tomar assento numa de suas cardeira, que se insere no centro do acontecer histórico massapeense.

Eudes de Sousa, presidente da Academia, jornalista e crítico literário.

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