Batismo: fonte de vida nova

A Igreja encerra o tempo do Natal com a celebração litúrgica do Batismo do Senhor. Este evento marca o início da missão de Jesus de anunciar com alegria e esperança o Reino de Deus. No início de uma nova jornada do Tempo Comum, celebramos a filiação divina em Jesus e em nós, pois cada batizado partilha desta condição e desta consequente missão. É necessário ser e viver como Filho de Deus.
O batismo não designa simplesmente um rito de acesso ao cristianismo. Ele é, antes de tudo, uma fonte de vida nova, que deve ser cotidianamente renovado. É um exercício de adesão à vida vivida por Jesus Cristo, que veio ao mundo, não para ser servido, mas para servir e entregar a vida como meio de redenção para a humanidade.
Assim, o batismo é fonte de salvação à medida que cada batizado entra em conformidade com o projeto de Jesus. A vida renovada, que se inicia com o batismo, tem como ponto de partida o encontro pessoal com Jesus. Vale salientar que dizer “encontro pessoal” não possui nenhuma conotação intimista ou individualista, pois o encontro autêntico com Jesus é sempre comunitário e se desenrola na comunhão eclesial.
O encontro pessoal designa a acolhida pessoal do Evangelho do Reino, que nos permite viver como irmãos e nos compromete com aqueles com quem Jesus se comprometeu, com os pobres e pecadores. Voltar-se a Jesus, assimilando tudo o que ele pregou e viveu é condição indispensável para a vocação batismal, que leva a uma constante renovação da Igreja.
À medida que a Igreja deixa-se renovar pelo Evangelho, ela recupera o seu poder de atração e de transformação das pessoas e da sociedade. É importante entender que a vivência pessoal do Evangelho é mais importante do que o cumprimento de práticas religiosas. Estas são consequências daquela. Sem fraternidade, perdão, solidariedade, respeito, justiça e misericórdia não existe cristianismo.
Celebrar o Batismo de Jesus implica refletir sobre o compromisso de abraçar a fé. Em sua homilia, na festa de Epifania, no ano passado, o Papa Francisco definiu a fé como “um fogo que arde dentro de nós e nos faz tornar apaixonados indagadores do rosto de Senhor e testemunhas do seu Evangelho”.
Somente quem se dispõe a trilhar esse caminho de fé e de adesão a Jesus pode encontrar o sentido de ser Igreja, de ser batizado, de ser comunidade. Iniciando este ano jubilar, somos convidados a renovar a raiz de nossa existência cristã, renovando assim a nossa vocação eclesial. Pelo batismo, queremos juntos edificar a Igreja, sendo sinais de esperança e de salvação para o mundo.



