Oração Contemplativa do Filho de Sião

Contemplar não depende dos olhos, mas do coração
A contemplação é uma forma de oração. Contemplar, diz o Papa Francisco, não é um modo de fazer, mas um modo de ser. Quando se trata de oração, é o nosso modo de rezar e de viver o Carisma. Todos nós precisamos exercitar e viver a oração contemplativa. Papa Francisco nos diz ainda que ser contemplativo não depende dos olhos. Infelizmente nós aprendemos assim: ao contemplar um quadro ou uma pintura, nós olhamos e fazemos aquela leitura superficial. Isso para nós era contemplação. Porém, o Papa explica: contemplar não depende dos olhos, mas do coração.

Como é que nós contemplamos?
Usando não os olhos, mas o coração. O coração é onde se sente, o lugar onde sentimos. Vamos aprender a usar o coração. E nisto, diz o Papa, entra em jogo a oração. Não se pode contemplar com o coração sem aprender este modo na oração.
Portanto, é na nossa oração pessoal que aprendemos e desenvolvemos o ser contemplativo. É um ato de fé e de amor, é como um respiro da nossa relação com Deus. Logo, nós não vamos à oração para dizer palavras apenas, mas vamos para sentir o toque de Deus, para sentir Deus na alma, para experimentá-lo, para sermos amados, experimentarmos o seu amor. Nós precisamos aprender a ir para a oração para sentir o amor de Deus!

É um olhar fixado em Jesus
A oração nos permite contemplar a realidade sob um ponto de vista diferente. Uma coisa é eu contemplar a realidade com os meus olhos, com o meu olhar humano e outra coisa é, a partir de agora, com o olhar contemplativo. Olhar para realidade com meu olhar contemplativo faz a diferença!
A contemplação é o olhar da fé fixado em Jesus. A fé move montanhas, move todas as coisas, inclusive o coração de Deus. Enfim, a contemplação é esse olhar da fé, aquele olhar que não duvida, mas que arranca de Deus o que precisa ser arrancado. É um olhar fixado em Jesus!

Eu olho para Ele e Ele olha para mim
São João Maria Vianey quando fala de contemplação nos diz que contemplar é: “Eu olho para Ele e Ele olha para mim. Eu amo a Ele e Ele ama a mim. Eu sinto a Ele e Ele sente a mim. Eu estou Nele e Ele está em mim.” Isso é contemplar!
O Catecismo da Igreja Católica § 2715 vai nos dizer que tudo nasce desse olhar: Olhar de fé para o Cristo. Eu olho para Ele com fé e Ele olha para mim.
Tudo nasce deste olhar, de um coração que se sente visto com amor. Quando Cristo olha para mim, Ele não olha para me condenar. Quando eu contemplo, eu sinto Deus me olhando com amor. Todas as vezes que Deus olha para mim é para derramar o seu amor, a sua misericórdia em atos. Por isso, quando eu começo a viver uma oração contemplativa, a realidade passa a ser também contemplada por mim com olhos diferentes.
Isto é verdade, Cristo olha para mim com olhos diferentes. Aquele que passa a viver uma vida contemplativa, este passa a olhar todas as coisas com um olhar diferente, com o olhar de Cristo, porque quem contempla Cristo, só pode ver Cristo.
A oração de contemplação é uma oração íntima, a oração dos íntimos. Quem não tem intimidade vai para a oração e faz apenas blá, blá, blá… Mas quem tem intimidade vai parar viver aquela intimidade, vai entrar nos aposentos, vai sentir o aconchego dos aposentos, vai sentir o amor, vai sentir a mão de Deus trabalhando, vai sentir o colo de Deus, o olhar de Deus, o carinho de Deus e a presença Dele que tudo aquieta, tudo torna calmo e que põe as coisas em seus devidos lugares. Os íntimos vivem esse tipo de oração!

O Amor que não era amado!
Ele se tornou para nós nosso noivo. Por isso, é importante que a nossa oração seja de íntimos, de noiva mesmo. É preciso entender este: eu olho para Ele e Ele olha para mim. Ele sempre olha me amando.
Nós fomos em 1998 instigados por Deus, e nesta instigação, Ele se revelou para nós como o Amor que não era amado. Veja como isso é real para nós, é o Carisma vivo se debruçando no nosso meio.
Quando Jesus me olha com amor, eu olho como para Ele? Com amor também, porque foi a coisa que ele disse no íntimo de mim, que Ele não era amado. Então, eu não tenho outro olhar a não ser um olhar de amor, de retorno do que Ele me chamou e revelou. Ele é o Amor que não é amado e eu existo e dou minha vida para amar esse Amor. Nesse sentido, contemplar é um olhar de Deus lançado sobre mim, olhar de amor, e, em contrapartida, o meu olhar que se lança sobre Ele porque eu descobri que o Amor não era amado. O meu olhar não é outro senão também um olhar de amor, porque já estou repleta do seu amor. Assim, lanço a Ele um olhar de alma que ama, de alma esposa.
Na oração contemplativa, nós não necessitamos de muitas palavras. Nós somos essa novidade do Espírito Santo que, em poucas palavras, faremos uma oração muito mais profunda do que uma oração onde só eu falo e não deixo espaço para que Deus me ame, me toque, para sentir seu amor que quer se debruçar em mim, que quer me ajudar e que quer penetrar mais dentro de mim.
Precisamos entender que basta um olhar, basta estarmos convencidos de que a nossa vida está rodeada de um grande amor. E então, quando eu olho para Deus, eu olho convencido de que tudo que me rodeia é amor. Até nas coisas que não estão bem, se formos adentrar, vamos ver que ali também tem um olhar de amor. O nosso Deus é tão Deus que até de um mal Ele faz um grande bem. Até nessa situação, quando fracassamos, Ele acha um jeito de fazer um bem.

Quem contempla, fica transfigurado!
Quem conseguiu chegar a contemplação é um ser transfigurado, como no Monte Tabor. Aqueles discípulos tiveram a oportunidade de verem Cristo transfigurado, e porque viram Cristo transfigurado, também tornaram-se transfigurados.
Moisés subiu ao monte para contemplar aquele espetáculo e ele desceu com o rosto em luz, talvez naquela época não sabiam dizer a palavra transfigurado, ele desceu reluzente.
Dessa forma, contemplar é também agir, não há oposição entre contemplação e ação. Aquele que contempla age na caridade. Ou seja, age no amor. Caridade e contemplação querem dizer a mesma coisa, pois caridade quer dizer amor e se eu contemplo eu ajo com amor. Por que eu sou o amor, o amor está em mim, não existe outra coisa que me rodeia a não ser o amor.
O que nasce da oração é o maior milagre de um cristão. Tudo aquilo que a gente faz porque nasceu da oração e da oração contemplativa é o maior milagre que um cristão pode realizar. Este é o caminho da oração de contemplação. Não esqueçam: Eu olho para Ele e Ele olha para mim. Ele me olha com olhar de amor, porque Ele só sabe amar e eu vou aprendendo, desenvolvendo e me trabalhando a olhar para Ele também com olhar de amor e assim serei contemplado e levarei outros a contemplarem.

Vander Lúcia Menezes Farias – Fundadora, Consagrada na Comunidade de Vida com Promessas Definitivas

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