Auxílio dos cristãos, rogai por nós.

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Por Matheus Ribeiro, seminarista

Era um pastor de ovelhas, de origem modesta, chamado Antonio que veio a ser dominicano, e depois que se tornou o papa Pio V, seu nome ficou registrado no enredo dos grandes pontífices, venerado hoje como Santo. As suas feitorias seriam tão cerimoniosamente honradas, que se mencionou ser ele o escolhido de Cristo para travar uma das maiores batalhas temporais, senão a maior, da Igreja de Cristo, acontecimento do qual se recorda a gloriosa intervenção de Maria Santíssima que desce dos céus e reorienta mais uma vez a história da Santa Igreja. A Virgem Maria mostrou a São Pio V uma arma que nenhum império conseguiria derrotar: o santo Rosário
No século XVI, a Europa cristã já não se encontrava unida, a revolta protestante dividia o continente. Era a época do renascimento, cujo desdobramento das artes e das culturas faziam respingar no seio da Igreja convicções divergentes e progressistas. A sociedade não era mais uma só. A imponência da França convulsionava-se em guerras, a orgulhosa Inglaterra submergia seus ideais às heresias de cunho protestantes. Além disso, um problema muito maior estava provocando ruína nas bordas da Europa, era a irreversível ascensão do Império Turco-otomano. Um clima de instabilidade, de medo e de insegurança fazia jorrar nas súplicas dos cristãos o pedido de socorro. A crescente ameaça do Império Otomano provocava a sensação de devastação. Por onde passavam territórios eram destruídos, fazendo de crianças e jovens cristãos, escravos. O comércio e rotas marítimas entre oriente e ocidente eram influenciadas devido ao grande fluxo de especiarias, seda e pedras preciosas do território imperial. O exército turco já chegara, certa vez, à porta de Viena com mais de 150 mil soldados, e destes homens, 80 mil combatentes, 20 mil janízaros, que era constituído de crianças cristãs capturadas em batalhas, levadas como escravas e pervertidas ao Islã. O arsenal de canhões e armas eram os mais equipados da época, com uma frota incrivelmente organizada e estruturada.
Acometido por esta situação, o coração inquieto e devoto de São Pio V não se amedrontou. Por ser dominicano, sua natural devoção à Virgem Maria o fez elaborar, num grande esforço diplomático entre Espanha, Gênova, Viena e o exército papal, cavaleiros de Malta e outros ducados, uma estratégia para defender a Santa Igreja. Organizou uma frota cristã, e diante das notícias que diariamente chegavam de novas invasões, exigiu a todos uma verdadeira cruzada espiritual a fim de proteger a Igreja e os cristãos. Convocou todo o mundo católico para rezarem pela libertação do continente, invocando a Santa Mãe de Deus na reza do Santo Rosário. Pediu que todos os membros da frota católica fizessem 3 dias de jejum e confissão geral, ajuizou ser de grande valia a presença de muitos padres em cada embarcação para que possibilitasse a comunhão, a distribuição de crucifixos, medalhas e escapulários aos combatentes, e insistiu que a récita do Rosário seria sua maior arma de combate para vencer os assaltos dos inimigos, quer visíveis quer invisíveis. Por ordem dele, delegou a um de seus núncios que abençoasse cada embarcação que saísse do porto. Erguido um ostentoso estandarte, exuberava na frente dos navios, a imagem de Nossa Senhora. A batalha travou-se no dia 7 de outubro de 1571, nas águas de Lepanto, nas costas da Grécia. Numericamente maior, o exército turco ameaçava os cristãos, tendo como vitória certa aquele duro combate.
Avançaram mar adentro, e no maior fragor da batalha, os soldados avistaram acima dos altos mastros da frota católica uma grande Senhora que os aterrava com seu majestoso aspecto, fazendo dançar o mar e instigar confusão e medo diante das esquadras. Os membros da frota cristã reconhecendo-a e afeiçoados desde a infância por esta Senhora, enfrentaram com mais vigor o temeroso exército, ao passo que os navios dos Otomanos e os soldados naufragaram, devido ao grande medo daquela que seria para eles desconhecida e para os cristãos, a Mãe.
São Pio V, saindo de uma reunião com os cardeais em direção à sua repartição particular, com o terço na mão, teve uma visão, apareceu-lhe Nossa Senhora Auxiliadora que o fez intuir e voltar-se para os cardeais, dizendo: “vencemos”. Em agradecimento, o Papa instituiu a festa de Nossa Senhora das Vitórias, modificada depois para o título de Nossa Senhora do Rosário.

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