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Quem me leu a semana passada vai lembrar que lhes prometi falar sobre a história do carro adiante dos bois em Sobral… ai eu me lembrei que nos de 2012 , antes do VLT , tinha postado um comentário longo sobre o assunto num blog eu mantinha na internet chamado Discordando do Rui… então resolvi republicá-lo em forma de artigo; quem se interessar pode fazer as atualizações financeiras, de mobilidade urbana e outras coisas; vamos lá então..
Quando tudo estiver pronto, funcionando plenamente – se novamente compararmos com a miríade de obras faraônicas iniciadas e não concluídas, esse “funcionar “plenamente talvez demore um pouco -, teremos aproximadamente uns 25 mil veículos de passeio, umas 35 mil motos, umas 50 mil bicicletas e logo, logo, mais 20 micro-ônibus disputando vorazmente, sob um calor de 40 graus à sombra, o direito de trafegar em nossas ruas estreitas e avenidas nem tão largas assim. O que hoje já é caótico se tornará mais ainda, se é que isso é possível…
Eu não conheço as dificuldades do trânsito da cidade de Juazeiro do Norte nem sei quantos veículos e motos há ali; também não conheço as dimensões geográficas da cidade. O que eu conheço e acho que todos também conhecem, porque lemos e nos informamos, é que o projeto do VLT de lá previa, como da fato aconteceu, a interligação entre os municípios do Crato e a terra do Padre Cícero. Poderia ser igual aqui em Sobral, interligando a sede do município a um dos distritos mais próximos, o Aprazível , por exemplo; mas não, a vontade dos todo poderosos tinha de prevalecer.
Voltemos pra cá; aqui, até pelo espírito de sobralidade, pelo orgulho de ser sobralense – quanta bobagem meu Deus! – nós queremos saber tudo em detalhes sobre qualquer assunto; sobre as pessoas- quando somos chamados de fofoqueiros (bem feito!)-; e sobre a cidade mesmo, quando nos autodenominados cultos. Então todos sabemos muito bem quanto habitantes somos, quantos eleitores temos, quantos carros, motos e bicicletas circulam na cidade; até quantos semáforos existem, mesmo agora que eles são cada vez mais, uns não distando nem 20 metros dos outros, nós sabemos. Portanto não é difícil pra nós, cultos , inteligentes e orgulhosos (ironia minha), com uma ajudinha do IBGE, conhecermos as dimensões geográficas de Sobral. É quando descobrimos que somos uma cidade pequena, muito pequena mesmo, e não precisamos “andar” mais que 10km de norte a sul ou de leste a oeste para percorrer o solo urbanizado da fazenda caiçara..
Aí meus amigos, num momento qualquer de iluminação – para ele e sua entourage ao menos – do nosso governador e conterrâneo, decidiu-se que Sobral ia ter um metrô de superfície. Sobral TERIA , não que NECESSITASSE, um sistema de transporte urbano nos moldes do que foi implantado no Cariri. E como a vontade do homem jamais foi – e parece que jamais será – contestada por ninguém na sua terra natal, nem quando devesse ser, pelo bem maior do que é público, sua idéia iluminada, depois de arrancar pela raiz inúmeras árvores de copa frondosa, destruir alguns quilômetros dos pouco que tínhamos de ciclovias, além de, num verdadeiro crime de lesa-arquitetura tombada pelo IPHAN, erigir verdadeiros monstrengos apelidados de estações de passageiros, mandou “tocar as obras”; pelo bem da ( melhor ) mobilidade urbana de todos nós sobralenses.
Desculpem, ia esquecendo: em fase em conclusão é só a primeira etapa do projeto, o funcionamento dos VLTs. A outra etapa, a circulação da frota de pelo menos 20 micro-ônibus climatizados para transportar passageiros até as estações dos VLTs, essa ainda não saiu nem da planilha. Então ouso questionar, mas não sem antes pedir encarecidamente que não me interpretem como sempre têm me interpretado: um polêmico, um “do contra”, do quanto pior melhor, etc.: não seria muito mais barato, mais simples e certamente definitivamente resolutivo, sem o risco quase certo de desorganizar mais ainda o já desorganizado trânsito da cidade, contratar engenheiro de tráfego e projetar linhas urbanas de (micro)ônibus que recolhessem o cidadão passageiro no seu bairro e o deixasse no seu destino final? O sistema integrado ônibus-VLT , em vez de agilizar, não vai é retardar mais ainda a vida de cada um de nós que tem pressa de chegar em qualquer lugar que queira? E com a agravante de ser (mais) um veículo para congestionar os já congestionados cruzamentos das ruas da cidade;
P.S. Passados quase 10 anos da implementação do sistema VLT só recentemente o executivo municipal começou a implementar as linhas de micro-ônibus. É ou não a história do carro adiante dos bois?

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