POUCAS E BOAS
“Padizim réi, bem reím”
Estamos em pleno mês propício para se falar muito em vocação, algo muitas vezes confundido com profissão. E esse é o motivo da frustração e do insucesso de muita gente, ocasionado por uma escolha errada quanto àquilo que resolveu desenvolver na vida.
O Jornal Correio da Semana (CS) e a Rádio Educadora (RE) despertaram em mim a vocação para Comunicações até então inibida. Depois de muito tempo como leitor/ouvinte, e também depois de uma “cordinha” saudável de amigos, passei a atuar como colunista e apresentador de Programa semanal nesses dois equipamentos da Diocese de Sobral.
Nesse período mantinha um bom, mas pouco frequente, relacionamento com o pessoal da Rádio e do Jornal. Com o tempo, tornei redator do CS (1999-2002) e apresentador de Programa diário, aumentando, assim, meu convívio com o pessoal da Cúria Diocesana. Lá, onde estão localizados esses dois órgãos, também estão o Abrigo dos Idosos, a Capela N.Sª. das Graças e outras departamentos.
Minha presença constante naquele conglomerado me possibilitou conhecer melhor a importância da Cúria. Por outro lado, despertou em algumas pessoas a curiosidade em saber se eu também tinha vocação para padre ou se, pelo menos, havia sido seminarista. Isso também acontecia com outros colegas que trabalhavam na “casa dos padres”.
Certa vez, um daqueles funcionários havia virado a noite, depois de ter concluído com sucesso sua dura tarefa às sete da manhã, depara-se com velhinhos que já tomavam banho de sol e jogavam conversa fora. Andando lentamente, aquele quase exaurido trabalhador ouviu um idoso pergunta ao outro:
“QUEM SERÁ AQUELE PADIZIM RÉI QUE RÁI ALI? É BEM REÍM, NÉ? É BACHIM RÉI, GORDIM RÉI, ASSANHADIM RÉI E AINDA RÁI CAXINGANDO. ISSO É QUE É TER ROCAÇÃO (VOCAÇÃO) PRA PÁDI, NÉ!
Pois é, amigos, nesse curto episódio, mesmo no final sendo exaltada a opção daquele suposto padre em servir a Deus e aos homens, fica explícito o tratamento desrespeitoso, impiedoso e discriminatório dispensado por muitas pessoas a alguns sacerdotes.
Vale lembrar que existe o posicionamento/comportamento de alguns religiosos que, mesmo agindo sem maldade, abre precedente para o inimigo. Tornam-se, dessa forma, presas fáceis de quem só deseja promover o mal, mesmo que seja por meio da calúnia ou da mentira. Some-se a isso o forte movimento, inclusive intrafamiliar, que tenta dissuadir jovens que têm pretensão de ingressar no sacerdócio ou em trabalhos da Igreja Católica.
Pois é, amigos, estamos no mês das Vocações e quão necessário se faz refletiremos mais sobre todas elas, de modo especial a Vocação do Padre.
Em todo dia 04 de Agosto celebra-se a Festa Litúrgica de São João Maria Vianey, o Cura de Ars, que é também no calendário civil, o Dia do Padre. O Cura de Ars, padroeiro deles, nasceu em 8 de maio de 1786, em Dardilly, França, e faleceu em 4 de agosto de 1859, em Ars-sur-Formans, do mesmo país.
No 2º Domingo, por ser o DIA DOS PAIS, a reflexão deve ser sobre a Vocação à Vida Matrimonial. No 3º Domingo do Mês será sobre a Vocação Religiosa, isto é, o chamado que rapazes e moças têm, para serem Frades ou Freiras. O 4º Domingo deste mês é dedicado à Vocação dos Leigos; E, em anos com cinco domingos, o quinto é dedicado à Vocação Catequética.
Mas voltando ao diálogo dos idosos, sintetizado no título deste artigo, tenho a esclarecer que aquele trabalhador citado no início tem realmente todas aquelas características citadas. Só que agora com os qualificativos aumentados: “AQUELE PADIZIM RÉI TÁ MAIS BEM REÍM, MAIS BACHIM RÉI, MAIS GORDIM RÉI, MAIS ASSANHADIM RÉI E AINDA RÁI CAXINGA MAIS AINDA”.
Vale salientar que, apesar de esse “padizin réi” não se ter ordenado na Igreja Católica, a etimologia lhe garante também ter o título de “padre”, palavra que, traduzida do Latim, significa PAI.
Continuo propugnando para que todos os sacerdotes recebam um tratamento mais digno, respeitoso e humano. Enfim, o “padizim réi” que naquele dia saía da Cúria Diocesana, após concluir mais uma edição do Correio da Semana, era EU: esse padre, ou melhor, esse pai que retornava para sua Igreja Doméstica – sua família.
Que Deus abençoe todos os nossos padres!