Na sexta-feira, 08, partiu do mundo dos vivos nossa querida – nem sei como qualificar melhor –, Matusahila Pereira de Souza Santiago. Advogada, historiadora, beletrista, administradora. Pioneira em cerimonial no Ceará, cursou etiqueta na tradicional SOCILA, escola que ensinava etiqueta às mulheres da sociedade carioca que funcionou de 1953 a 1995. Estagiou no Ministério das Relações Exteriores – Itamaraty. Recebeu as mais variadas homenagens, incluindo uma muito especial, do Príncipe Dom Pedro Gastão de Orléans e Bragança e da Princesa D. Esperanza de Bourbon-Duas Sicílias, em Petrópolis. Funcionária concursada da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, dirigiu o cerimonial daquela casa, organizando a solenidade de Sanção da Constituição do Estado, em 5 de outubro de 1989.
No campo literário escreveu para vários jornais cearenses, sobre etiqueta social e temas culturais. Presidiu a Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno de setembro de 2000 até a atualidade. Juntamente comigo, José Luís Lira fundou a Academia Fortalezense de Letras, em 2002, da qual foi a primeira vice-presidente; fundou a Academia Brasileira de Hagiologia, em 2004, também comigo. Em 2016, fundou com este mesmo companheiro, a Academia Cearense de Cultura, da qual era presidente. Foi a primeira mulher a ministrar aulas na Academia de Polícia Edgard Facó e seu curriculum é vasto, cheio de feitos.
Ela nasceu no dia de Santa Doroteia que se apresenta com rosas. Seus melhores presentes eram livros e rosas. Vaidosa, gostava de viver. Sorriso fácil, mas, também muito franca. Dizia o que pensava. Era livre. Amava e foi amada. Com ela a vida era mais leve. Lembro-me de quando lhe relatava um problema, ela a tudo amenizava. Sahila, como a chamávamos, intimamente, era festa. Matusahila foi uma mulher autêntica, dinâmica, poeta, memorialista. Tinha orgulho das histórias de seu clã familiar e fazia destaque disso. Levou uma rosa azul, pois a rosa azul é rara que nem ela. E ainda não está sendo fácil falar sobre ela, por isso, peço emprestado as líricas palavras da Profa. Fátima Lemos que a sucede na Presidência da Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno:
“Dezenas de rosas, na maioria grandes, de cores variadas, conversavam entre si. As vermelhas iniciaram o diálogo: – Companheiras de armário, vocês ouviram um suspiro de vossa majestade?. – Sim, sim! – Todas responderam. (…) Houve um silêncio. As rosas se curvaram em reverência às lágrimas dos humanos. O silêncio é quebrado com as interrogações: – Eu? Eu? Será eu?. Foram tantos os ‘eus’, que a voz de um príncipe interveio aos murmúrios das rosas e falou com voz trêmula: – A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar… A voz veio de longe, muito longe, todas as rosas em silêncio ouviram a voz do príncipe enquanto ele continua a falar: – Compreendo o sentimento de todas vocês, vermelhas, azuis, lilases, roxas… todas amadas e desejadas no adorno feminino. Porém, queridas, dentre vocês retiro uma azul. A última a enfeitar a sua majestade, em um evento recente, que a fez brilhar! É você, bela rosa azul, despeça-se de suas companheiras e venha enfeitar um belo vestido, também azul, e siga com ela na última viagem terrena”.
Com muito carinho, até o reencontro, Sahila!

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