Herculano Costa Comenta

O bullying nos ambientes escolares no Brasil (I)

No nosso comentário de hoje vamos falar sobre um tema importante, muito em voga no momento, o bullying. O assunto preocupa dada à sua recorrência nos ambientes escolares no Brasil e em outras partes do mundo. Embora o assunto não seja tão novo, pois, começou a ser estudado já na década de 1970 na Suécia, o bullying vem-se constituindo, atualmente, um problema sério, que está afetando, negativamente, a vida dos estudantes e comprometendo o ambiente educacional, tornando-o conturbado, preocupante, não saudável.
O que é bullyig? – O bullying é um problema de relacionamento social que ocorre, geralmente, no ambiente escolar, contra crianças e adolescentes, tanto aqui no Brasil, mas, como supradito, em muitos outros lugares mundo afora. Ele se caracteriza pela agressão de ordem física, verbal e/ou psicológica.
A prática do bullying se dá por meio de atos agressivos violentos, tais como: intimidação sistemática e outras ações intencionais e repetitivas, de afrontas, perseguição, xingamento, humilhação, preconceito, e outras formas de agressão, feitas por uma pessoa ou grupo de pessoas contra um indivíduo.
O bullyig causa não só a dor física, como também problemas de socialização, bem assim, e, principalmente, situações angustiantes, traumas psicológicos, retrações e outros efeitos danosos às vítimas.
O bullying vem, cada vez mais, merecendo atenção especial e um engajamento sistemático de todos (escola, família e sociedade) no seu combate.
Etimologia – Bullying é uma palavra que se originou na língua inglesa. “Bully” significa “valentão”, e o sufixo “ing”, que representa uma ação contínua. A palavra bullying designa, então, um quadro de agressões contínuas, repetitivas, com características de perseguição de um agressor, ou mais agressores contra uma vítima, como acima dito.
Convém que não se confunda uma agressão isolada, resultante de uma briga pontual, com o bullying, pois este tem conotação de continuidade, constância das diversificadas agressões, o que nos ajuda a entender com maior precisão o verdadeiro significado do aludido termo.
Como e onde ocorre o bullying? – É da natureza humana o desejo da dominação, da ostentação, do egoísmo, da conquista pela força etc., etc. O Brasil tem, a partir do seu descobrimento, da sua ocupação territorial, passando, pela sua colonização, um histórico de dominação pela força (prisões dos indígenas – povos nativos, escravatura dos negros etc.). Na segunda metade do século XX foi a Ditadura Militar (mentora de atos repressivos, como: censuras ideológicas, cerceamento do pensamento livre, perseguições, julgamentos e prisões injustas, desaparecimentos de pessoas, torturas, mortes), o grande exemplo de dominação pela força.
Na sociedade extraescolar contemporânea, em diversificados segmentos sociais, ocorrem práticas semelhantes ao bullyig. Pessoas consideradas mais poderosas, mais influentes, mais populares ou mais bem-apessoadas tornam-se referência para o comportamento social. Então, aqueles que não se enquadram nesse padrão são considerados não dignos e estranhos a participações sociais mais igualitárias. Daí, surgirem comportamentos humilhantes e vexatórios, por parte dos que se consideram normais, mais importantes ou mais populares, contra os que eles mesmos consideram estranhos, por não se enquadrarem nos parâmetros sociais estabelecidos.
Espelhado nisso entende-se que o ambiente escolar comporta a formação de grupos sociais e, a partir daí, cria, entre os estudantes, situações de hierarquia, com base na força, na aceitação ou não, que um indivíduo tem do grupo.
Normalmente, nas relações sociais escolares, sobretudo entre infantes e adolescentes, os padrões estabelecidos são formados com base no espelho das sociedades não escolares, acrescidos da conceituação que esses jovens fazem das características físicas e do grau de popularidade e aceitação que os indivíduos têm dentro do grupo.
É quando, na comunidade escolar, grupos dominantes cristalizam como padrões de aceitação de uns e os grupos que não se enquadram nesses padrões acabam excluídos e passam a ser vítimas de bullying.
(Continua na próxima edição)