O evangelho de Mateus, na passagem 9,35-38, narra um resumo da atividade de Jesus, mostrando a origem de sua missão. Sua atividade nasce da visão da realidade, que o leva a compadecer-se da multidão cansada e abatida. Jesus constata com muita sensibilidade a situação precária do povo, como nos diz o evangelho: “Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9,36). Ao ver o sofrimento do povo, Jesus move-se de compaixão. Essa é a atitude de quem se coloca no lugar do outro. Por isso, a primeira preocupação de Jesus é o sofrimento dos mais fragilizados. Todos os evangelhos apresentam Jesus indo ao encontro dos pobres, marginalizados, enfermos e possessos, para libertá-los de suas situações de sofrimento. É a revelação do amor compassivo de Deus que está na origem e no fundamento de toda a missão de Jesus, inspirando e configurando toda a sua vida. Assim deve ser também na vida e na missão de todos os seus discípulos de ontem e de hoje. Para os seguidores do Mestre Jesus, a compaixão não deve ser uma atitude entre outras. Assim como doía na coração de Jesus o sofrimento das pessoas, os discípulos devem ser impregnados pela misericórdia. Cada um traz a missão de revelar ao mundo a misericórdia do Pai na defesa da vida, em favor dos indefesos e excluídos. Esse trabalho é grande, e necessita de pessoas dispostas a continuar a obra de Jesus. Sabendo que, ainda hoje, há muita gente cansada e abatida, “como ovelhas sem pastor”, Jesus faz o pedido antigo e sempre novo de rezar pelas vocações: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da messe que envie trabalhadores para sua colheita” (Mt 9,37-38). Tal deve ser a oração suplicante da Igreja, para que surjam vocações comprometidas com a causa do Reino de Deus. Em nossa diocese, no último dia 18, tivemos a alegria da ordenação de mais um presbítero para o serviço do povo de Deus. Na ocasião, nosso bispo diocesano, Dom Vasconcelos, anunciou outra ordenação presbiteral, no dia 12 de dezembro, e a ordenação de 19 diáconos permanentes, no dia 26 de dezembro. Essas ordenações são motivo de alegria diante da grande messe. Precisamos de trabalhadores disponíveis à divina missão de levar a Boa Notícia do Reino a todos. Além de rezar, toda a comunidade também é chamada a comprometer-se com a missão da Igreja de evangelizar. A Igreja é apostólica, e todos os que são Igreja, pelo batismo, são enviados em missão. Jesus nos chama, e nos envia a todos a sermos operários da messe. Envia-nos como instrumentos do amor e da bondade compassiva de Deus. Envia-nos como Igreja, para que o povo seja atendido por meio do diálogo, da compreensão, do perdão e da oração. Envia-nos como operários para que possamos suscitar a fé e o compromisso de todos na contrução do Reino de Deus.

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