POUCAS E BOAS
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Ilustres desconhecidos
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Sem dúvida, alguns leitores poderá até ficar na dúvida se já leram ou não nesta Coluna este texto ou algo parecido. Parabéns, sua memória está boa, porque leram mesmo! É possível que leitores assíduos da Coluna até julguem que a repetição tenha sido falha do autor ou da Redação. Outros, quem sabe, me diagnosticarão como portador de “preguicite aguda”.
Mas nada disso aconteceu! A republicação, com poucas modificações, foi proposital. Em primeiro lugar, por ser o tema atualíssimo; em segundo, para lembrar que amanhã – 20 de novembro – comemorar-se-á o Dia da Consciência Negra; em terceiro, por insistir para que haja mais reconhecimento e divulgação dos bons exemplos do passado e do presente; por último, para atender pedidos de leitores. E, daqui, volto ao texto anterior.
Pais mais conscientes e preocupados com filhos persistem em discutir sobre alguns ídolos apresentados à nossa juventude. Lamentam o fato de os brasileiros em formação carecerem demasiadamente de boas referências, de figuras que possam contribuir na descoberta de vocações e que colaborem no direcionamento de suas vidas. Chegam a citar, ainda, o desinteresse desta garotada em aprofundar a busca desses vultos, subutilizando, inclusive, o que nos possibilita a Internet.
Mas será mesmo pequena a quantidade de bons exemplos no País? O desinteresse em procurá-los, descobri-los será apenas dos jovens? E qual a influência da mídia nesse questionamento?
Creio que, procurando, ainda são encontrados muitos bons exemplos em todos os segmentos da sociedade. Estimular essa busca compete à família, que se deve munir de conhecimento da vida e obra dos grandes vultos do passado e do presente dignos de mais reconhecimento e divulgação.
Por outro lado, pais, educadores e formadores de opinião deveriam demonstrar de forma clara a diferença entre os verdadeiros e os falsos exemplos. Devem insistir no desmascaramento de certos tipos de “heróis, famosos, modelos a serem seguidos”, tais como atores, cantores, jogadores, políticos, profissionais liberais, ex-BBB´s, etc. Muitos desses são, com as devidas exceções, os “maus exemplos” hoje produzidos pela parte irresponsável e nociva da mídia. Vale salientar que nessa área há também quem se propõe a trabalhar para o bem da sociedade. Só que sua intenção quase sempre é sufocada pelos que defendem interesses financeiros e escusos.
Já que se aproxima o Dia Nacional da Consciência Negra (20/11), relembro aqui apenas três nomes – três exemplos de vida – que também lutaram pela liberdade tão sonhada pelo herói Zumbi dos Palmares (1655 -1695). Obviamente existem outros nomes merecedores de inclusão neste pequeno comentário, inclusive em nível mundial. Mas deixo para o leitor a tarefa de acrescentá-los.
Negro Cosme
Em nível local, destaco Cosme Bento das Chagas (1800 – 1842), conhecido como Negro Cosme, escravo livre que nasceu em Sobral (CE) e daqui saiu para ser líder na Balaiada (1838-1840), rebelião ocorrida no Maranhão. Negro Cosme comandou mais de 3.000 revoltosos e lutou até o fim por sua causa. Terminou preso e enforcado em praça pública em Itapecuru-Mirim (MA), em 20 de setembro de 1842.
Maria Tomásia
No âmbito do estado do Ceará, Maria Tomásia Figueira Lima (1826-1902), foi uma sobralense, que lutou a vida inteira pela libertação dos escravos. Foi cognominada “A Libertadora”, pois durante o dia, em Fortaleza (CE), arrecadava fundos para comprar e libertar escravos; à noite, ajudava companheiros a “roubar” escravos de senzalas e os libertava.
Luiz da Gama
De abrangência nacional, ressalto o extraordinário Luís Gonzaga Pinto da Gama (1830 – 1882), negro baiano, que, apesar de filho de mãe negra livre e pai branco, tornou-se escravo aos 10 anos, após ser vendido pelo pai endividado (jogos). Luís da Gama alfabetizou-se aos 17 anos; atuou em várias profissões e como autodidata tornou-se rábula, jornalista, escritor, poeta e orador famoso que fez sua própria defesa, conquistando judicialmente sua liberdade. Líder dos republicanos e maçom respeitado, Luís da Gama elegeu o fim da escravidão negra no Brasil uma de suas metas principais, chegando a libertar mais de quinhentos negros sem cobrar nada. Luís da Gama morreu de diabetes aos 52 anos, pouco antes de ver seus sonhos concretizados: Abolição da Escravatura (1888) e Proclamação da República (1899).
Depois dessa rápida amostragem, sem nenhum receio de incorrer em grave erro, posso afirmar que temos mergulhados na total invisibilidade social nesse imenso país, e até pertinho de nós, outros bons exemplos de brasileiros (negros e negras). E muitos!
Lamentavelmente, pouco se observa o reconhecimento e a devida divulgação desses ilustres, mas praticamente desconhecidos compatriotas. Principalmente quando são oriundos da camada mais humilde e menos lembrada da sociedade.
Mas nem tudo está perdido! Pois a situação se reverterá quando cada brasileiro adquirir mais consciência dessa negra situação e, a partir daí, passar a cumprir fielmente seu papel cristão e cidadão em defesa do irmão, independentemente de cor, raça ou credo religioso. Sejamos, portanto, um deles! E desde ontem!
Pensemos nisso!
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