Quer bons exemplos?

Sem dúvida, neste espaço você já poderá ter lido este texto ou algo parecido. É possível que leitores assíduos da Coluna até julguem que a repetição tenha sido falha do autor ou da Redação. Outros, quem sabe, me diagnosticarão portador de “preguicite aguda” ou, até mesmo, que eu esteja recebendo visitas curtas e rápidas do apavorante alemão (Alzheimer).
Mas nada disso aconteceu: a republicação do texto com poucas modificações foi proposital. Primeiro, por ser o tema atualíssimo; segundo, pela comemoração (hoje) do Dia da Consciência Negra e, terceiro, por insistir para que haja mais reconhecimento e divulgação dos bons exemplos do passado e do presente. E, daqui, volto ao texto anterior.
Pais mais conscientes sentem-se preocupados com filhos que persistem na discussão infrutífera sobre alguns ídolos apresentados à nossa juventude. Associo-me àqueles pais que lamentam o fato de os brasileiros em formação carecerem demasiadamente de boas referências, de figuras que possam contribuir na descoberta de vocações e que colaborem no direcionamento de suas vidas. Vale mencionar, ainda, o desinteresse dessa garotada em aprofundar a busca desses vultos, subutilizando, inclusive, o que nos possibilita a Internet.
Mas será mesmo pequena a quantidade de bons exemplos que temos no País? O desinteresse em procurá-los, descobri-los será apenas dos jovens? Os pais os têm socorrido ou colaborado para inverter esse quadro? E qual a influência da mídia nesse questionamento?
Creio que, procurando, ainda são encontrados muitos bons exemplos em todos os segmentos da sociedade. Estimular essa busca compete à família, que se deve munir de conhecimento da vida e obra dos grandes vultos do passado e do presente, verdadeiramente dignos de mais reconhecimento e divulgação.
Por outro lado, pais, educadores e formadores de opinião deveriam demonstrar de forma clara a diferença entre os verdadeiros e os falsos exemplos. Devem insistir no desmascaramento de certos tipos de “heróis, famosos, modelos a serem seguidos” que são empurrados goela abaixo nos jovens. São, na verdade, falsos ídolos travestidos de famosos atores, cantores, jogadores de futebol, políticos, profissionais liberais, ex-BBB´s, etc.
Atente bem: Muitos desses são, com as devidas exceções, os “maus exemplos” ultimamente produzidos pela parte irresponsável e nociva da mídia. Agora, não se pode negar que nessa área há também quem se propõe a trabalhar para o bem da sociedade. Só que sua intenção quase sempre é sufocada pelos que se esmeram em apenas defender interesses financeiros e escusos.
Já que transcorre hoje o Dia Nacional da Consciência Negra (20/11), relembro aqui apenas três nomes – três exemplos de vida – que também lutaram pela liberdade tão sonhada pelo herói Zumbi dos Palmares (1655 -1695). Obviamente existem outros nomes merecedores de inclusão neste pequeno comentário, inclusive em nível mundial. Mas deixo para o leitor a tarefa de acrescentá-los.
Em nível local, destaco Cosme Bento das Chagas (1800 – 1842), conhecido como Negro Cosme, escravo livre que nasceu em Sobral (CE) e daqui saiu para ser líder na Balaiada (1838-1840, rebelião ocorrida no Maranhão. Negro Cosme chegou a comandar mais de 3.000 revoltosos e lutou até o fim por sua causa. Terminou preso e enforcado em praça pública em Itapecuru-Mirim (MA), no dia 20 de setembro de 1842.
Já Maria Tomásia Figueira Lima (1826-1902), foi uma sobralense, branca, e que lutou a vida inteira pela libertação dos escravos. Foi cognominada “A Libertadora”, pois durante o dia, em Fortaleza (CE), arrecadava fundos para comprar e libertar escravos; à noite, ajudava companheiros a “roubar” escravos de senzalas e os libertava.
Em nível nacional, ressalto o extraordinário Luís Gonzaga Pinto da Gama (1830 – 1882), negro baiano, que, apesar de filho de mãe negra livre e pai branco, tornou-se escravo aos 10 anos, após ser vendido pelo pai endividado (jogos). Luís Gama alfabetizou-se aos 17 anos; atuou em várias profissões e como autodidata tornou-se rábula, jornalista, escritor, poeta e orador famoso que fez sua própria defesa, conquistando judicialmente sua liberdade. Líder dos republicanos e maçom respeitado, elegeu o fim da escravidão negra no Brasil uma de suas metas principais, chegando a libertar mais de quinhentos negros sem cobrar nada. Morreu de diabetes aos 52 anos, pouco antes de ver seus sonhos concretizados: Abolição da Escravatura (1888) e Proclamação da República (1899).
Depois dessa rápida amostragem, sem nenhum receio de incorrer em grave erro, completo a mensagem iniciada no título deste artigo: “Bons exemplos de brasileiros (homens e mulheres) temos. E muitos. Só falta quem os reconheça e os divulgue mais. Principalmente os oriundos da camada mais humilde e menos lembrada da sociedade. E mais: É imprescindível que sejamos um desses exemplos a ser seguido!
Pense nisso!
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